Realmente é um mal necessário ?

   

Realmente é um mal necessário ?

Em entrevista exclusiva, Luisa Mell explica por que apoiou a invasão ao Instituto Royal .

" Temos alternativas que impedem esse sofrimento, mas esses institutos não têm interesse. Existe muito dinheiro envolvido.

                                    Luisa Mell. "

    Os animais sentem dor ? No dia 7 de julho de 2012, em Cambridge, um grupo de neurocientistas publicou um manifesto afirmando que todos os mamíferos, aves e outras criaturas, incluindo polvos, têm consciência. Na época, o neurocientista canadense Philip Low deu entrevista a uma revista brasileira dizendo que a área do cérebro  que distinguem humanos dos outros animais não são as que produzem consciência e garantiu que os animais são capazes de sentir dor, medo e prazer.
    Ele acredita que a sociedade evoluirá a ponto de não precisar mais usar animais : " O mundo gasta 20 bilhões de dólares por ano matando 100 milhões de vertebrados em pesquisas médicas. A probabilidade de um remédio advindo desse estudos ser testados em humanos (apenas teste, pode ser que nem funcione) é de 6% . É uma péssima contabilidade. Um primeiro passo passo é desenvolver abordagens não invasivas. Não acho ser necessário tirar vidas para estudar a vida. Penso que precisamos apelar para nossa própria engenhosidade e desenvolver melhores tecnologias para respeitar a  vida dos animais. "
   Em 2004 a União Europeia proibiu teste de cosméticos em animais; em março deste ano, foi proibida a venda de cosméticos testados em animas em toda UE. O Brasil infelizmente, ainda está atrasado.
   Desde 2012 o Instituto Royal, em São Roque (SP), é investigado pelo Ministério Público por denúncias de maus tratos aos animais. Mas foi na noite do dia 18 de outubro, quando cerca de 150 ativistas invadiram o local e resgataram 178 cães e diversos coelhos, que o caso ganhou evidência. Desde o dia 12, ativistas acampavam em frente ao Instituto, e, segundo anunciaram na ocasião, resolveram invadir quando receberam a informação de que o laboratório  estava sacrificando animais para encobrir provas.
   O Royal nega todas as acusações e garante que os testes que fazia era " em prol de vidas humanas ", no entanto, até agora não mostrou detalhes dessas pesquisas. Segundo acusações o instituto que funciona desde 2007, recebeu em 2010, aproximadamente R$ 5 milhões do Governo Federal para realizar pesquisas. sem possuir registro no Conselho de Controle de Experimentação Animal (Concea), que só foi concedido em setembro desse ano. Por ser uma Organização da Sociedade Civil a lei exige transparência administrativa que inclui revelar os nomes de seus clientes. algo que o Royal ainda não fez. Ao se defender dizendo que os ativistas destruíram um trabalho de 10 anos de pesquisas, o instituto se esqueceu de que existe oficialmente há apenas 6 anos. Como faz pesquisas a 10 anos ?
  No dia 25 de outubro a Comissão Externa da Câmara dos Deputados que investiga os maus tratos aos animais do Laboratório Royal esteve em São Roque e conseguiu uma suspensão do alvará de funcionamento por 60 dias para investigação. O deputado do PRB, Antônio Bulhões, que faz parte da comissão, é contra o sacrifício de animais para teste de cosméticos e outros produtos não essenciais, e afirma : "A Comissão está ouvindo todos os lados para decidir se deve ou não iniciar uma CPI sobre o caso."

Missão do bem

A apresentadora Luisa Mell, 34 anos, é hoje uma das ativistas mais conhecidas do Brasil. Desde 2002 quando começou sua carreira na TV, ela defende os animais. Confira agora uma entrevista exclusiva para a Folha Universal.

O que a motivou a defender os animais, em especial os cachorros ? 

- Quando eu fazia programa voltado para a proteção de animais, me deparei com animais do centro de zoonoses prontos para serem executados. Naquele momento, olhei nos olhos deles e parecia que me pediam ajuda. A partir daquele dia, me comprometi a defende-los até o fim da minha vida. Para isso criei o grupo "Emergência Animal". Todos os sábados organizamos uma feira de adoção. Uma verdadeira corrente do bem.

O que mudou em sua vida após isso ? 

- Tudo. Passei a ser uma pessoa mais tolerante, mais solidária. Há quem diga que eu deveria me preocupar com outras causas. mas pensa bem. se você consegue respeitas os animas, muito mais você fará ao próximo.

Por que motivo você esteve presente no dia da invasão ao Instituto Royal ?

- Funcionários da Royal já haviam entrado em contato com outros ativistas para denunciar maus tratos dentro do instituto. No dia, eu fui para conversar com o prefeito quando os ativistas invadiram e encontraram cães desesperados. A maioria está com a dentição comprometida, alguns até sem a membrana do olho, pele raspada e com a língua cortada. Características típicas de teste para cosméticos, que o instituto nega ter feito.

Você não acha justo o uso de animais para novas descobertas em favor da saúde humana ?

- Não. Pela lei todos os medicamentos devem ser testados em humanos para poder ter aprovação. Muitos não querem perder o patrocínio que recebem para fazer testes. Temos alternativas que impedem esse sofrimento, mas esses institutos não têm interesse, porque até agora eles têm agido assim e ninguém tem feito nada.

Então qual é a solução ? 

- A solução é parar de usar animais. Eu vou insistir nisso pois sei que as leis no nosso país pode mudar. Quem manda no Brasil é o povo. Se cada um boicotar essas empresas que fazem teste em animais, deixando de comprar o produto e dando preferência aos que não fazem teste, certamente as companhias vão investir em métodos alternativos. Macacos, cachorros, gatos, coelhos, ratos, estão sendo torturados neste momento. Eles não podem se defender. Estão lá nos campos de concentração que os pesquisadores criaram. Existe muito dinheiro envolvido nessa macabra forma de prestar produtos.